terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os Sapatinhos Vermelhos (The Red Shoes, 1948)


Postado por Clarisse

Tenho uma verdadeira admiração por – boas – capas de DVDs. Eu sei que “não se deve julgar um livro pela capa”, mas é algo inevitável. A primeira coisa que me chamou a atenção em relação a “The Red Shoes” foi, sem dúvida, a sua capa.

Logo de início percebemos porque o filme ganhou o Oscar de melhor direção de arte. O fundo vermelho em contraste com a pele branca da bailarina é algo maravilhoso. Mas o que chama a atenção é a sua expressão, ela parece se misturar a atmosfera e SER o próprio sapatinho vermelho.

Vamos deixar algo claro: esse não é o melhor filme que já assisti, nem mesmo top 20. Mas, ainda assim, é um filme que tem algo especial.

Sinopse:
A jovem bailarina Victoria Page apaixona-se pelo maestro da peça, Julian Craster, ao mesmo tempo em que o diretor, Boris Lermotov, oferece oportunidade para uma carreira artística mundial. Conto de fadas adaptado da obra de Hans Christian Andersen, o filme influenciou várias gerações de cineastas e é considerado o melhor filme sobre balé de todos os tempos. Com exteriores filmados no Covent Garden, de Londres, na Ópera de Paris e em Monte Carlo. É uma rapsódia de cor expressionista, com cenas de balé impressionantes.

“Sapatinhos Vermelhos é o nome de uma fábula criada no século 19 pelo dinamarquês Hans Christian Andersen — autor de, entre outras, O Patinho Feio e A Roupa Nova do Imperador —, sobre uma jovem que, após calçar sapatilhas vermelhas mágicas, é obrigada a dançar incessantemente até morrer de exaustão.”

Red Shoes é considerada a obra-prima de Michael Powell e Emeric Pressburger. Ganhou dois Oscars (Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora) e influenciou gerações de grandes cineastas além de milhares de garotas que, há mais de cinqüenta anos atrás, encheram as academias de balé por causa de um filme. A grande alavanca que impulsionou o mundo da dança e retratou essa arte de uma forma nunca vista antes, realista e fiel ao mundo do balé.

O filme é uma verdadeira ironia com resultados trágicos. Encontra-se conflitos ligados a ambição, inveja e perfeição. E, acima de tudo, ao amor.


Vemos Julian e Vicky crescerem em seus respectivos trabalhos de acordo com o desenvolvimento da história. Ele como um grande compositor (e percebemos de onde veio o Oscar de melhor trilha sonora) e ela como bailarina. Moira Shearer consegue passar toda a paixão que Victoria dedica pela dança, como percebemos pelos movimentos de braços e pernas executados com peculiar perfeição. Já Lermotov encontra-se cada vez mais envolvido com o espetáculo e Walbrook interpreta com tal dedicação seu personagem que não conseguimos saber qual é a sua real paixão: a dança ou a bailarina. E é esse o diferencial, são personagens psicologicamente complexos que fogem totalmente do previsível. O que explica o fato de tal obra ter sido considerada tão revolucionária a ponto de mudar a estrutura das histórias que vieram a seguir.

Lermontov: Why do you want to dance?
Vicky: Why do you want to live?
Lermontov: Well, I don't know exactly why, but... I must.
Vicky: That's my answer too.
(...)

Lermontov: When we first met ... you asked me a question to which I gave a stupid answer, you asked me whether I wanted to live and I said "Yes". Actually, Miss Page, I want more, much more. I want to create, to make something big out of something little – to make a great dancer out of you. But first, I must ask you the same question, what do you want from life? To live?
Vicky: To dance.

A atuação dos atores principais Moira Shearer e Marius Goring é, na maior parte do tempo, decepcionante, mas confesso que Anton Walbrook está divino. O filme segue bem, com uma boa evolução. Porém, por volta dos 110 minutos, a história se perde, não cresce. Falta humor e continuidade.

E então, após uma cena deveras dramática e pobre (em roteiro, atuação e qualidade) o rumo da história muda drasticamente, faltando cinco minutos para o filme acabar.


É surpreendente.

A bailarina se mistura - verdadeiramente - a atmosfera. O desfecho macabro faz genial paralelo à fábula de Andersen. E Lermotov (Anton Walbrook) mostra que o show tem que continuar.

“Pode-se afirmar que Michael Powell e Emeric Pressburger tomaram uma história infantil como base para construir um dos mais belos e enigmáticos romances já vistos no cinema britânico.”

8 comentários:

Anônimo disse...

a capa do filme é mesmo muito bonita, já tinha ouvido falar do filme, parece ser lindo, e me interessou porque eu gosto de dança, mas ainda não assisti. Nada a ver com esse filme, exceto que é antigo, já viu descalços no parque? Sempre pego no final no tele cine cult, e não acho na locadora haha :* é que parece ser tão fofo

Annabella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O poster de Canções de Amor (ah.. Garrel) é um dos mais lindos que já vi em toda a minha vida. De verdade. Só vendo para entender.
Eu tinha pensado em falar sobre outros posters no post, até peguei algumas imagens (Clube da Luta, Up, A Noiva Cadáver, Nuovo Cinema Paradiso, Grace, Superman III, Casablanca, Paris – Je t’aime, Platoon, Beleza Americana, Forrest Gump, Big River Man, O Estranho Mundo de Jack, Coraline, Lymelife, Goodbye Solo, The Great Buck Howard, Push, O Justiceiro 2, A Duquesa, Num Lago Dourado, A Garota de Rosa-Shocking, A Casa Monstro, Wall-e, Vicky Cristina Barcelona, Smother, The Ugly Truth, Happy-Go-Lucky, Lovely Still, He's Just Not That Into You, B13-U, Sex Positive, Lake Mungo, Os Intocáveis, Ice Grill - U.S.A, Madea Goes to Jail, Kramer vs. Kramer, Behind the Wheel, A Lista de Schindler, Guerilla, Sociedade dos Poetas Mortos, A Cor Púrpura, Um Segredo Entre Nós, Your Name Here, When Did You Last See Your Father?, What Just Happened?, Austrália, Lucas, Última Parada 174, Good Dick, The Guitar, Whaledreamers, Save Me, Dear Zachary: A Letter To a Son About His Father, A Troca, W., Synecdoche - New York, Valkyrie, Ben-Hur, O Labirinto do Fauno, Flash of Genius, World Trade Center, Obscene, Ballast..)

De “Descalços no Parque” só conheço aquela cena que ela dança com um vestido amarelo, mas vou procurar.

Unknown disse...

tá clá, agora me diz, em que poster vc não pensou? hahaha e eu amoooooooooo o poster de vicky cristina barcelona, nossa! é lindooooooo! e eu ameei o post clá, lindo :*

shelhass disse...

Nunca vi esse filme, mas conheço a história dos sapatinhos. Fiquei super curiosa depois de ler as transcrições dos dialógos, principalmente pelo segundo. "To Dance". Quero ver, quero ver.

*O dia em que a terra parou é bem legal mesmo, mas austrália é muito... exagerado, sei lá.
** Ah, não posso ler o post o BB - tem spoiler!
***ainda não vi ninguém que entortou o nariz para "Na Natureza Selvagem" - é muito bom.

Annabella disse...

Clá, faz um post especialmente para pôsters! =D

Danny disse...

Lindo post *-*
O de vicky cristina é tão lindo!

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHA, é que é muito difícil escolher os melhores sem extrapolar.

Acho mais fácil fazermos uma série, não seria possível colocar todos em um post só. :D

Além de Vicky Cristina Barcelona eu acho o de Behind the Wheel tão bonito ("You're trying to change things by doing pure actions. In an impure world. That's a beautiful thing").