sábado, 21 de fevereiro de 2009

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall)

Postado por Clarisse

"I feel that life is divided into the horrible and the miserable. That's the two categories. The horrible are like, I don't know, terminal cases, you know, and blind people, crippled. I don't know how they get through life. It's amazing to me. And the miserable is everyone else. So you should be thankful that you're miserable, because that's very lucky, to be miserable."

É sempre um desafio escrever sobre um filme, principalmente se for do Woody Allen. Não que seja difícil analisá-lo ou caracterizá-lo como “bom” ou “ruim”. Não, longe disso. O que acontece é que sempre me sinto meio médico e meio monstro, como se qualquer palavra mal posicionada pudesse colocar tudo a perder, me fazendo cometer uma grande injustiça com uma grande obra ou superestimar um filme C. Mas me arrisco.

Sem mais delongas, que comece o julgamento e chamamos a primeira (e única) testemunha...

Para todos aqueles que não conhecem ou nunca ouviram falar, Annie Hall é considerada uma das obras-primas de Woody Allen e é um filme de 1977, repleto de ironias, tragédias cômicas, sátiras e romance.

Como todo bom filme de Allen, esse também é um pouco autobiográfico e formamos uma espécie de vínculo à distância com Woody. Ou seja, ele deixa transparecer um pouco de sua alma, de sua personalidade caótica, através dos dilemas e situações com as quais o personagem principal se depara.

Para comprovar o toque autobiográfico lhes mostro a cena de abertura, um monólogo com toda a personalidade cômica típica dos anos 70/80.



Sinopse:
“Alvy Singer (Woody Allen), um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de certo período crises conjugais começam a se fazer sentir entre os dois.”

Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (uma das piores traduções de título que já vi, se querem saber), não surpreende só pela história, repleta de ingênuos, divertidos e astutos diálogos, mas pela forma como esta nos é apresentada. Os espectadores se identificam com os personagens principais e torcem o tempo todo para que os dois se entendam, definitivamente. Mas não é só a envolvente história que nos deslumbra e sim todo o formato do filme que mistura cenas no presente e passado, estas contando – inclusive – com a presença do casal que, ao dialogarem no presente, relembram de fatos do passado e, algumas vezes, “retornam” às cenas de suas próprias memórias e se analisam.

Um dos momentos mais geniais é quando Aly Singer (representando o próprio Allen) puxa Marshall McLuhan (célebre teórico da comunicação de massa) de trás de um cartaz de cinema, a fim de que este endosse o seu ponto de vista crítico durante uma discussão com um personagem nada humilde, tudo isso sem perder a continuidade da história.

Alvy, comediante e hormonalmente desequilibrado, é o narrador e estabelece um diálogo invisível com o expectador. Ele projeta em Annie, moderna e imatura, todos os seus maiores desejos e, em alguns aspectos, consegue mudá-la e a influenciá-la em âmbito cultural.

Relembrando antigos acontecimentos ele vai se conhecendo e a conhecendo também. Ele percebe estão que cultura e sexo não são tão fundamentais em um relacionamento como pensava.

Annie Hall consagrou Woody Allen justamente por se o seu primeiro filme a misturar comédia, romance e drama, fugindo dos seus outros trabalhos onde o humor predominava (como “Bananas”, “Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar”, “A última noite de Boris Grushenko”, “O Dorminhoco”). Tudo isso repleto de um humor judeu auto-depreciativo, tendências neuróticas sublimes e presunçosas, e uma narração que não respeita os limites do espaço/tempo e nem limitações físicas.

Love is too weak a word for what I feel - I luuurve you, you know, I loave you, I luff you, two F's, yes I have to invent, of course I - I do, don't you think I do?

3 comentários:

Mel // Moderadora disse...

Oie aqui é a Fran do Shia Brasil
Me fala o nome do Blog de vcs para colocar no site em top :)

Darshany L. disse...

aii adorei o blog de vcs!
vou gastar um bom tempoo lendo todas as críticas dos filmees.
amei!

Anônimo disse...

muita coincidência você fazer uma resenha sobre esse filme agora, assisti o filme a pouco tempo, e achei super divertido, nossa, e tenho que concordar a tradução do título é realmente horrorosa!

beijos ;*